quarta-feira, novembro 30, 2005
A Herança - parte 2
O salão estava lotado como sempre e os alunos tomavam seu café da manhã. As corujas faziam sua revoada costumeira, entregando as correspondências. Mais um dia e nada chegara para a grifinória de longos cabelos negros, olhos cor-de-mel, lábios bem torneados e orelhas pontudas. Arwen olhava para as corujas indo e vindo, com um visível ar de decepção estampado no rosto. Fazia alguns dias que Marjorie McGonagall havia saído em busca de seus pertences como sua procuradora mediante o Ministério da Magia e nem sinal de notícias.
Pensando nisso e tomando seu café da manhá com pouca vontade, eis que se sobressalta com todos os alunos se virando em direção à porta principal do salão. A garota imita o movimento dos colegas e abre um largo sorriso.
Irrompia através da entrada principal uma jovem linda e loira, que seguia desfilando por entre as mesas. A delicada mão direita empunhava a varinha, apontando-a para diante. Seguia à frente, flutuando, uma enorme caixa de madeira, semelhante a um baú, que parecia não pesar mais que uma pluma. Alcançou a mesa da Grifinória, depositando no chão o baú, que caiu suavemente, mas ainda assim, provocando um baque surdo. Definitivamente, ele não pesava tanto quanto uma pluma.
A srta. McGonagall sorriu para as meninas, que a olhavam com o mesmo ar de admiração de sempre - Arwen ainda mais satisfeita. Tinha uma noção bem definida do que seria aquela encomenda.
- Bom dia, garotas! - cumprimentou alegremente a jovem loira - Arwen, aqui estão alguns pertences pessoais de seus pais. E nesta pasta - dizendo isso, a moça deu uma sacudidela na varinha, fazendo surgir diante de si, uma pasta em couro marrom-escuro, que flutuou e pousou na mesa defronte Arwen - estão os documentos pessoais, escrituras dos imóveis e a chave do seu cofre em Gringotes.
A garota sorriu, um tanto alegre e um tanto triste. Sua espera havia finalmente terminado. Mas as lembranças que advinham dali eram deveras doloridas.
McGonagall se despediu de Arwen e Alexis. Arwen agradeceu mais uma vez o favor que seu anjo da guarda fizera. Marjorie apenas sorriu, murmurando um
"não fiz mais que a minha obrigação, mocinha!", dando uma piscadela de olho para a garota de orelhas pontudas.
Assim que a moça se distanciou da mesa, Arwen virou-se para Alexis, perguntando qual seria a próxima aula do dia. Dani Lupin já estava a postos, na mesa da Grifinória, para se inteirar do assunto.
- Hum... Não temos horário vago esta manhã - dizia a pequena Dumbledore - e a primeira aula é de Trato das Criaturas Mágicas. Dois tempos.
- Será que Hagrid vai perceber minha ausência? - interrogou Arwen com o dedo indicador direito pousado no queixo, olhando fixamente para a caixa.
- Imagino o que você está pensando - sorriu marotamente Alexis - se ele sentir sua falta, digo que você está na Ala Hospitalar porque suas orelhas ficaram maiores que o habitual.
As três amigas riram. Dani Lupin apressou-se em recomendar:
- Mas marotinha das Zoreia, Tontinha querida do meu coração, você não acha que seu caixotinho - ênfase no
"caixotinho", querendo dizer exatamente o contrário - não pode esperar até a hora do almoço? Nós já não estamos estudando direito para os NOMs, sequer fizemos nosso horário... E ainda vai matar aula? Fora que, puxa vida, eu e Alexis também queremos ver!
- Não senhoritas. Meu
"caixotinho" não pode esperar. Vocês vão para as aulas, depois Irritadinha me passa o que perdi. Vou aproveitar o dormitório vazio e explorar o meu... tesouro.
Levantou-se num salto, sacou a varinha do bolso da veste negra e murmurou um
Vingardium leviosa, apontando para o baú, que levantou-se do chão novamente como uma pluma. A grifinória de longos cabelos negros deixou as duas amigas no salão e saiu dando um
"até logo", enquanto se dirigia para a torre da Grifinória, no sétimo andar.
Uma vez no dormitório, Arwen abriu a caixa. Parecia à primeira vista um monte de tralhas. Havia uma boneca diferente. Não era sua. Colocou de lado e continuou explorando o conteúdo da pequeno container. Revistava livros, papéis, objetos que ela não conhecia, possivelmente do pai, que era auror...
Um livro de encadernação veludo vermelho com letras douradas na capa lhe chamou a atenção.
"Anuário de Hogwarts - 1978". Abriu curiosa. Era a primeira vez que saberia mais sobre a vida escolar de sua mãe. Enquanto folheava o livro, seu queixo caía a cada página. Eram os formandos do ano. E que surpresa ao ver aqueles nomes e fotografias acenando para ela! James Potter, Sirius Black, Peter Pettigrew, Lily Evans... Remus Lupin... Todos na mesma turma! Estudaram com sua mãe e ela jamais mencionara o fato de ter sequer conhecido pessoalmente o pai da melhor amiga e o do ex-namorado! A jovem de olhos violeta da foto do diário também estava ali no livro - Callista Graham. Teria ela algum parentesco com o rapaz sonserino que se tornara amigo dela e das meninas, Daryl Purple? Será que Dani Lupin sabia que seu pai estudara com sua mãe? Se sabia, por que ela nunca disse nada? Não, Dani não sabia de nada com certeza, senão teria contado...
"É algo tolo para me preocupar..." - pensava a menina -
"mas ainda assim, intrigante. O professor Lupin conheceu minha mãe e jamais disse uma palavra sobre isso..."Guardou aquele livro em sua mochila, decidida a mostrar às amigas na hora do almoço.
Arwen Lórien Potter às 11:01h